quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As Bimbadinhas do Leo - I

Você, mister Carência, nos poupe de nicks com o seu nome e da sua pirigueti super sençual. Já te acho burro, com dois nomes no nick vou achar que os dois estão juntos na árdua tentativa de escrever alguma coisa que preste.

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Tá deprê? A vida é muito injusta? Óoon. Abre pacotinho de miojo, joga na água fervendo, 3 minutos. Tira. Põe pózinho. Come assistindo um programa ruim e se pergunta onde errou na vida. Filho da puta.

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Cuidado ao contar que fez um super projeto, um novo jeito de salvar as baleias, uma mochila com espaço interno infinito...no mínimo vou rir da sua cara pela sua incrível falta de sexo. Assim como estou fazendo comigo agora mesmo.

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Não reclame da falta de oportunidades na sua vida. Aproveite o que vier. Ontem mesmo, com a chuva de granizo que caiu em Guarulhos, você poderia sair com seu copo de uísque na mão e ainda ganhar gelo de graça. Já vi até pirigueti com foto no Orkut pagando de gringa...EM GUARULHOS, MANOLO!

Luz

Foi surpreendido por um pequeno feixe de luz que invadiu o quarto logo pela manhã.

Beirando os seus 70 anos, a saúde já não permitia a sua independência. Vivia sob os cuidados da filha mais nova. Um anjo, a Joana.

Levantou-se da cama e caminhou até a janela. Espiou pelo pedacinho que estava aberto. A luz vinha de um sol completamente perfeito, aquele fraquinho da manhã que não te arde os olhos. As folhas das árvores estavam assim, alaranjadas. Fotograficamente alaranjadas. Passou um garoto de bicicleta, com os olhos fechados, enquanto o vento batia no seu rosto.
Pensou: "Têm coisas que a vida tenta nos mostrar, e não queremos ver.
Deve ter sido a Joana que deixou essa porcaria aberta, aquela inútil."
Fechou a janela e voltou a dormir. Nunca mais viu a luz.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Feliz Natal

Hoje é dia de visita, afinal ainda comemoro o Natal.

Alguns parentes até conservam o espírito natalino me visitando anualmente e perguntando como vim parar aqui. Às vezes, penso em que atrocidades cometi para garantir minha prisão. Isto não está certo: Eu deveria ser livre se a sociedade não julgasse tão mal meus atos, que eram impossíveis de se negar. Claro que cometi erros, mas foram tão terríveis assim? Não justificam o crime de ser tratado como um animal, um homem que nunca será o mesmo por causa de um grande delito – novamente afirmando - que não fui capaz de evitar.

Se um dia for novamente julgado, afirmarei a todos minha eterna apreciação. Não me arrependo de ter cometido este ato tão vil, pois foi e sempre será a razão de meu viver. A pior parte da história é que conhecia, e muito bem, aqueles que foram meus carrascos.

Ainda continuo pensando neles.

Neste natal, desejo que venham me visitar, mas odeio ilusões. Pois, como dizia - o nome dele me falha a demora, desculpe - em tempos atrás, a esperança é a última que morre. E embora a minha não esteja morta, nunca perdeu a prudência da realidade...

- Hora do seu remédio, seu
Genivaldo! Tome e vamos descer para o salão, vai ter pernil hoje!

A missão de um cagado

Suava. Era um terror. Um filme lado-b, com um ator qualquer, no meio de uma rua lotada por pessoas que o fitavam. "Eles estão ouvindo isso?". Rangidos infernais ora borbulhantes dentro de seu corpo. Mas a sua missão não podia ser desviada. Sabia que era ali. Atravessou o estabelecimento, compelido a chegar no trono. Foi. Pálido. Ávido. Objetivo. Direto. Feito uma bala.

Levantou, sentou, esvaziou.

Ah, como era a bela a liberdade! Mais vírgulas no seu raciocínio. Viva o funcionamento do intestino! Acho que vai começar a ouvir músicas mais belas, plantar flores no jardim e assistir aquela mais nova comédia-romântica do atorzinho pegageral.

Saiu novamente por aquele estabelecimento. Peito estufado, tal qual um pavão ao cumprir com louvor sua dança do acasalamento. Todos o olhavam, mas dessa vez o respeitavam. Não havia um ser ali dentro que o podia interromper.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Surrealismo

O olho pulou para fora da cavidade e rolou pelo chão. A mão esverdeada de dedos magros apanhou o globo de vidro negro de volta. O barulho do encaixe é quase eletrônico, mas clássico. Uma gota de líquido branco escorreu do lacrimal até a ponta do queixo pontudo. Limpou o canto da boca com a língua bifurcada, rapidamente. Três aranhas passeavam pelo seu crânio, coberto por alguns fios de cabelo prateado. Um pequeno verme se debatia tentando sair de um furo úmido de sangue localizado em sua nuca.
Suspenso por um fio de prata, o pêndulo balançava lentamente. Pra direita, pra esquerda, pra direita...
A beleza em sua real simplicidade. Eu poderia pintar um quadro.