sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Todo dia é dia de maldade

"Não queira que eu diga o que penso de você na frente dos seus amigos. Você vai perdê-los."

"Eu não consigo acreditar que você se olhou no espelho antes de sair e achou que estava tudo bem"

"Eu prenderia a pessoa que deu um diploma na mão de um imbecil analfabeto feito você"

"Não é só a sua cabeça que é grande, o vazio que ali habita também é imenso"


Contribuições (@ivandelgado)

"Depois de assistir sua palestra, conclui que você merece o nobel da imbecilidade."

"Você tem algum distúrbio né? Não é possível estar desse tamanho e continuar comendo tudo isso"

"Eu já vi paraplégicos mais rápidos que você"

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As Bimbadinhas do Leo - I

Você, mister Carência, nos poupe de nicks com o seu nome e da sua pirigueti super sençual. Já te acho burro, com dois nomes no nick vou achar que os dois estão juntos na árdua tentativa de escrever alguma coisa que preste.

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Tá deprê? A vida é muito injusta? Óoon. Abre pacotinho de miojo, joga na água fervendo, 3 minutos. Tira. Põe pózinho. Come assistindo um programa ruim e se pergunta onde errou na vida. Filho da puta.

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Cuidado ao contar que fez um super projeto, um novo jeito de salvar as baleias, uma mochila com espaço interno infinito...no mínimo vou rir da sua cara pela sua incrível falta de sexo. Assim como estou fazendo comigo agora mesmo.

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Não reclame da falta de oportunidades na sua vida. Aproveite o que vier. Ontem mesmo, com a chuva de granizo que caiu em Guarulhos, você poderia sair com seu copo de uísque na mão e ainda ganhar gelo de graça. Já vi até pirigueti com foto no Orkut pagando de gringa...EM GUARULHOS, MANOLO!

Luz

Foi surpreendido por um pequeno feixe de luz que invadiu o quarto logo pela manhã.

Beirando os seus 70 anos, a saúde já não permitia a sua independência. Vivia sob os cuidados da filha mais nova. Um anjo, a Joana.

Levantou-se da cama e caminhou até a janela. Espiou pelo pedacinho que estava aberto. A luz vinha de um sol completamente perfeito, aquele fraquinho da manhã que não te arde os olhos. As folhas das árvores estavam assim, alaranjadas. Fotograficamente alaranjadas. Passou um garoto de bicicleta, com os olhos fechados, enquanto o vento batia no seu rosto.
Pensou: "Têm coisas que a vida tenta nos mostrar, e não queremos ver.
Deve ter sido a Joana que deixou essa porcaria aberta, aquela inútil."
Fechou a janela e voltou a dormir. Nunca mais viu a luz.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Feliz Natal

Hoje é dia de visita, afinal ainda comemoro o Natal.

Alguns parentes até conservam o espírito natalino me visitando anualmente e perguntando como vim parar aqui. Às vezes, penso em que atrocidades cometi para garantir minha prisão. Isto não está certo: Eu deveria ser livre se a sociedade não julgasse tão mal meus atos, que eram impossíveis de se negar. Claro que cometi erros, mas foram tão terríveis assim? Não justificam o crime de ser tratado como um animal, um homem que nunca será o mesmo por causa de um grande delito – novamente afirmando - que não fui capaz de evitar.

Se um dia for novamente julgado, afirmarei a todos minha eterna apreciação. Não me arrependo de ter cometido este ato tão vil, pois foi e sempre será a razão de meu viver. A pior parte da história é que conhecia, e muito bem, aqueles que foram meus carrascos.

Ainda continuo pensando neles.

Neste natal, desejo que venham me visitar, mas odeio ilusões. Pois, como dizia - o nome dele me falha a demora, desculpe - em tempos atrás, a esperança é a última que morre. E embora a minha não esteja morta, nunca perdeu a prudência da realidade...

- Hora do seu remédio, seu
Genivaldo! Tome e vamos descer para o salão, vai ter pernil hoje!

A missão de um cagado

Suava. Era um terror. Um filme lado-b, com um ator qualquer, no meio de uma rua lotada por pessoas que o fitavam. "Eles estão ouvindo isso?". Rangidos infernais ora borbulhantes dentro de seu corpo. Mas a sua missão não podia ser desviada. Sabia que era ali. Atravessou o estabelecimento, compelido a chegar no trono. Foi. Pálido. Ávido. Objetivo. Direto. Feito uma bala.

Levantou, sentou, esvaziou.

Ah, como era a bela a liberdade! Mais vírgulas no seu raciocínio. Viva o funcionamento do intestino! Acho que vai começar a ouvir músicas mais belas, plantar flores no jardim e assistir aquela mais nova comédia-romântica do atorzinho pegageral.

Saiu novamente por aquele estabelecimento. Peito estufado, tal qual um pavão ao cumprir com louvor sua dança do acasalamento. Todos o olhavam, mas dessa vez o respeitavam. Não havia um ser ali dentro que o podia interromper.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Surrealismo

O olho pulou para fora da cavidade e rolou pelo chão. A mão esverdeada de dedos magros apanhou o globo de vidro negro de volta. O barulho do encaixe é quase eletrônico, mas clássico. Uma gota de líquido branco escorreu do lacrimal até a ponta do queixo pontudo. Limpou o canto da boca com a língua bifurcada, rapidamente. Três aranhas passeavam pelo seu crânio, coberto por alguns fios de cabelo prateado. Um pequeno verme se debatia tentando sair de um furo úmido de sangue localizado em sua nuca.
Suspenso por um fio de prata, o pêndulo balançava lentamente. Pra direita, pra esquerda, pra direita...
A beleza em sua real simplicidade. Eu poderia pintar um quadro.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Bola de Papel

O menino respondeu a lista de chamada de maneira desinteressada e levantou-se da cadeira. Guardando de maneira ordenada seus materiais na mochila, foi surpreendido por um projétil feito da mais pura folha de papel amassada. Não teve tempo de reagir. A cabeça foi o alvo escolhido.

Um instante de silêncio. Incrédulo, fitou o agressor poucos segundos antes de uma torrente de risos invadir a classe. Sem nenhum sinal de ira ou vergonha, dirigiu a palavra - com seu linguajar parco, a única arma que ainda lhe restava - a seu malfeitor e vociferou:

- Taca a mãe, fio da puta! Aposto que ela não voa!

Dona Rita iria concordar veementemente com a sentença.
Ela, em seus 37 anos, nunca voou.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vendo-me

- Cara, admiro muito o seu Astolfo. Homem de negócios, bem-sucedido, o respeitam...
- Ah. Ouvi dizer que ele era um puta puxa saco, daqueles sem personalidade mesmo.
- Lá vem você com esses papos de novo. Mas é bem sucedido. Olha pra você. Um dia eu chego lá!
- Não há dúvidas, tá no caminho certo mesmo. O que faltam são só as tais oportunidades, né?!
- Lógico! Lógico! Não é difícil pra me entender né?!
- Claro que não! Conheço um fugitivo de classificados do jornal de longe.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Som do Silêncio

Som
substantivo masculino
1. tudo que é captado pelo sentido da audição; ruído, barulho
+
Silêncio
substantivo masculino
1. estado de quem se cala ou se abstém de falar
2. privação, voluntária ou não, de falar, de publicar, de escrever, de pronunciar qualquer palavra ou som, de manifestar os próprios pensamentos etc.
=
E agora começa o Horário Eleitoral Gratuito na Televisão Brasileira.
Das 13h às 13h30m e das 20h30m às 21h.

Simples assim, eleitor. Simples assim.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Corpos

Mas que bela parede de carne e ossos construiu. Quebrando costelas com o salto, arrancando corações com as unhas. O sangue escorre entre os dedos dos pés. E a muralha de carcaça apenas cresce. Meu amigo, quando isso tudo desmoronar, eu não quero nem ver o estrago. Vai ser cabeça rolando pra tudo quanto é lado. Incluindo as nossas.

Porcelana

Ela parecia uma bonequinha.

Suja, maltratada e esquecida. Virou brinquedo de cachorro.
Morreu no lixo.

Ônibus

Aê, Seu Caronte mandou avisar que aquele barquinho não dá pra encher muito não, pô! Trocamos aquela velharia por uma frota nova de ônibus da Linha 3.
É só mandar pra dentro agora!
E tão aceitando Bilhete Único também!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Colegas de Trabalho

- Alex, esse é seu novo assistente, o Julio. Ele tem se esforçado bastante lá levando café pra galera e me pediu pra aprender um pouco ai no que cê mexe.
- Ah..
- Senta ali Julio, fica do lado dele e aproveita pra pegar tudo que você puder. Até mais gente, e olhem os prazos hein!

- Então Alê, mepassatudo, falaoqueeupossofazer, por favor, porfavor, clicaaqui? Clicaali?
- Cara, senta ali do outro lado que talento a gente não passa. Mas burrice é contagiosa.

Clarissa

Os doces lábios de Clarissa vieram me falar.
- Preciso te contar algo.
- Pode falar, querida.
- Antes, preciso perguntar: Você seria capaz de me agredir?
- Claro que não. Nem se você me falasse que transou com o meu irmão. Eu não faria isso.
- Na verdade, foi com o seu primo.

Não sobrou nenhum dente.
Os doces lábios de Clarissa.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A empresa possui...

- Equipamentos top de linha, todos multi-plataforma.
Mentira. Tudo PC da Xuxa. E as plataformas variam da mesa do escritório até a lata de lixo.

- Profissionais na área de Design, com experiência em outras atividades.
Micreiros que conseguem usar um lápis (além do mouse, claro).

- Profissionais com bom networking e pró-ativos.
Vagabundos que vivem o dia inteiro no Orkut e Facebook.

- Vastos recursos para o desenvolvimento de projetos.
5 folhas de sulfite por mês. Um lápis por semestre. Clips a vontade.

- Um almoço bem diversificado, com várias opções analisadas por nossa nutricionista.
Ração contada. Tem 2 minutos para comer. O lixeiro não espera mais que isto.

- Base bem localizada.
Stand Center da Paulista, 5m².

- O que acha de trabalhar conosco?
O que acha de ser nosso escravo pelo resto de sua vida?

- Seria uma honra, quando eu começo?

- Imediatamente, se possível. Grato!
É PRA HOJE SEU FILHO DA PUTA! Grato!

Consultas

Indicaram-me aquele doutor, no cruzamento da puta-que-o-pariu, ele teria a solução. Ônibus lotado, cheiro de lixo, só coisa fina.
-Doutor, quero me matar.
-Ok, mas pague a consulta antes.
Paguei. Filho da puta, ele sabia que eu não queria mesmo me matar. Aliás, se quisesse já teria feito antes.
Só no percurso, oportunidades não faltaram.

sábado, 14 de agosto de 2010

Café

- Por favor, dois pães na chapa e dois cafés.
A garçonete se afasta e vai fazer o pedido.
- Lucas, mas que droga! Eu já cansei de falar, que eu ODEIO café.
- Por que não falou na hora que eu pedi?
- Você deveria saber.
Ele chama a garçonete novamente.
- Traz um leite pra vaca aqui.

Chapéu

- Olá.
- Te conheço?
- Não, não...
- ...
- Posso ver o seu chapéu?
- Já não o vê?
- Mais de perto. Na verdade, gostaria de tocá-lo.
- E porque deveria? Não te conheço.
- Por favor?
- ...Você é estranho, moleque. (entregando o chapéu)
- Obrigado senhor. (pega, vira, olha atentamente o forro e o devolve)
- Só isto? Nada mais?
- Bom senhor, já que foi tão solícito, aceito sua carteira.
Mas pode ficar com o chapéu. Chama muita atenção.

"Chefe, caguei na sua mesa."

E não foi difícil. Isso foi um gesto para te mostrar tudo o que o senhor significou pra mim durante todos esses anos. Tudo o que o senhor me ensinou, está aí, na sua frente. Com muito carinho.
Ah, levei os doces que estavam na gaveta. Gordo desgraçado.