O menino respondeu a lista de chamada de maneira desinteressada e levantou-se da cadeira. Guardando de maneira ordenada seus materiais na mochila, foi surpreendido por um projétil feito da mais pura folha de papel amassada. Não teve tempo de reagir. A cabeça foi o alvo escolhido.
Um instante de silêncio. Incrédulo, fitou o agressor poucos segundos antes de uma torrente de risos invadir a classe. Sem nenhum sinal de ira ou vergonha, dirigiu a palavra - com seu linguajar parco, a única arma que ainda lhe restava - a seu malfeitor e vociferou:
- Taca a mãe, fio da puta! Aposto que ela não voa!
Dona Rita iria concordar veementemente com a sentença.
Ela, em seus 37 anos, nunca voou.
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